Ainda é frequente que pais e mães encarem a Educação Infantil como uma fase do ensino na qual a criança não adquire aprendizagens relevantes, muitas vezes reduzindo-a simplesmente a “brincadeiras com os colegas”.
No entanto, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) enfatiza que “o ato de brincar durante a infância promove a interação da criança com o seu cotidiano, proporcionando aprendizagens e potenciais para o seu desenvolvimento”.
As brincadeiras constituem o próprio currículo da Educação Infantil, já que é por meio delas que as crianças têm acesso a diversos conhecimentos fundamentais para sua formação, além daqueles vivenciados em casa, o que é chamado “conhecimento de mundo” (ou aprendizagem significativa).
Além disso, a BNCC também estabelece dois eixos estruturantes para a prática da Educação Infantil: interação e brincadeiras. Desse modo, é preciso reconhecer que, por meio das relações (interação) e das atividades lúdicas (brincadeiras), a criança adquire os conhecimentos essenciais na transição para o Ensino Fundamental.
Esses dois eixos se desdobram nos cinco Campos de Experiência, que são:
- “O eu, o outro e o nós”;
- “Corpo, gestos e movimentos”;
- “Traços, sons, cores e formas”;
- “Escuta, fala, pensamento e imaginação”;
- “Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações”.
É primordial compreender que os campos de experiência, na Educação Infantil, correspondem às diferentes disciplinas que o aluno estudará a partir do Ensino Fundamental (como ciências, matemática, linguagens, etc).
Neste blog, falamos sobre como medir o aprendizado dos pequenos e ainda citamos exemplos e maneiras de os pais se alinharem com as escolas para o bom desenvolvimento dos alunos.
Como saber se as brincadeiras estão ajudando ou atrapalhando o desenvolvimento do aluno?
Na Educação Infantil, o acompanhamento pedagógico dos pequenos ocorre principalmente através do brincar, onde escolas e educadores conseguem realizar avaliações de forma contínua e eficaz, muitas vezes até mais detalhadamente que nos ensinos fundamental e médio. Este processo avaliativo desempenha um papel crucial no desenvolvimento das crianças.
É interessante notar que, na Educação Infantil, as crianças são avaliadas, em sua maioria, durante as brincadeiras. Os professores devem adotar estratégias que permitam essa avaliação, uma vez que as crianças não são submetidas a processos escritos como nos demais segmentos educacionais.
Assim, algumas estratégias incluem:
Observar e registrar os diversos comportamentos da criança
O professor é capaz de construir um diagnóstico da evolução da criança por meio dos registros diários das suas reações e intervenções nas atividades desenvolvidas.
Interagir com a criança (escutar)
Contrariando o senso comum, é essencial respeitar a opinião e os desejos das crianças. Ouvir suas vozes é uma das formas mais eficazes de compreender seus anseios.
Entender o contexto familiar
Frequentemente, as crianças trazem demandas de casa que podem interferir em seu aprendizado. Ao conhecer o contexto familiar, a escola e o professor têm melhores condições de ajudar na evolução da aprendizagem e na estabilidade emocional do aluno.
Envolver os tutores
Assim como é importante compreender o cotidiano da família, é responsabilidade da escola garantir que os tutores (pais, mães ou responsáveis) deem prosseguimento ao que é ensinado na sala de aula.
Portanto, é fundamental enviar tarefas para serem realizadas com o auxílio dos adultos e, sempre que possível, solicitar feedback sobre o desempenho da criança no desenvolvimento dessas atividades.
Elaborar portfólios e relatórios
O registro pedagógico é uma ferramenta essencial para mapear o percurso de aprendizagem da criança. Portanto, a escola deve elaborar documentos como portfólios, que consistem nas atividades desenvolvidas pela criança devidamente catalogadas (um por ano), além de relatórios que são registros dos professores e outros profissionais sobre o progresso da criança durante o período (idealmente, um por semestre).
Incentivar e praticar a autoavaliação com a criança
A avaliação frequentemente gera grande insegurança nos alunos ao longo de sua trajetória educacional. Uma maneira de amenizar essa pressão é proporcionar ao aluno a oportunidade de se autoavaliar, ajudando-o a compreender a importância do processo.
Ao oferecer essa possibilidade desde a Educação Infantil, a escola confere mais segurança ao estudante, permitindo que ele cresça entendendo a relevância da avaliação ao longo de toda sua vida escolar.
Realizar avaliações diagnósticas
Mesmo na Educação Infantil, onde ainda não ocorreu a aquisição plena da escrita, é crucial promover diagnósticos para identificar lacunas de aprendizagem e, principalmente, elaborar direcionamentos para as etapas seguintes do desenvolvimento educacional.
Envolver os pequenos em atividades culturais
O aprendizado por meio da cultura é uma das estratégias lúdicas mais fascinantes para ser aplicada com as crianças. Ao entrarem em contato com diferentes expressões artísticas, os pequenos se envolvem de forma mais intensa e concentram sua atenção de maneira mais focada.
Como os educadores podem envolver os pais no processo de aprendizagem por meio de atividades lúdicas?
A escola deve manter uma comunicação constante com as famílias, compartilhando todas as atividades desenvolvidas em sala de aula, geralmente por meio de agendas educacionais, que são bastante comuns atualmente.
Além disso, é igualmente importante que a escola designe como tarefa de casa atividades que possam ser realizadas por toda a família – pais e irmãos -, como forma de promover uma socialização saudável para todos.
Também é relevante que sejam recomendados aos responsáveis lugares na cidade onde possam levar as crianças para atividades lúdicas, como parques, teatros e circos, preferencialmente ao ar livre.
Uma prática adotada pela Rede Multiverso, que se destaca de muitas escolas, é a elaboração de relatórios personalizados, que fornecem às famílias os principais indicadores do desenvolvimento da criança. Esse documento é elaborado pelo professor em colaboração com a coordenação e a direção da unidade.
Na construção desse relatório, são consideradas as brincadeiras em que a criança participa ao longo do período letivo, durante as quais são observados diversos aspectos de seu comportamento, como atenção, memória, imitação e imaginação, além do desenvolvimento de habilidades como socialização, afetividade, motricidade, inteligência e criatividade.
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